Jesus Freak

terça-feira, 10 de março de 2009

Gnosticismo e Arianismo _ Pt 1

Aula ensinada por Dani Nogueira no dia 08/03/2009

Gnosticismo:

Origem:

Gnosticismo designa o movimento histórico e religioso cristão que floresceu durante os séculos II e III, cujas bases filosóficas eram as da antiga Gnose (palavra grega que ignifica conhecimento).O gnosticismo tornou-se forte influência na Igreja primitiva levando muitos cristãos da época como Marcião (160 d. C.) e Valentim de Alexandria a ensinar sobre a cosmovisão dualista, a qual a uma visão leiga aparenta ser a premissa básica do movimento.

Eles constituíram, nos primeiros anos dessa nossa era, uma comunidade fechada, iniciática, que guardou os aspectos esotéricos dos evangelhos, principalmente das parábolas do Mestre Jesus, o Cristo, apresentando um cristianismo muito mais profundo e filosófico do que daqueles cristãos que ficaram conhecidos como a ortodoxia.Dentre os grupos mais ativos nos dois primeiros séculos de nossa era destacam-se os naasenos, perates, sethianos, docéticos, carpocráticos, basilidianos e valentinianos.

Com o passar do tempo, os herdeiros da tradição gnóstica e maniqueísta foram mudando de nome, podemos indicar o aparecimento dos seguintes grupos: entre os séculos III e IX: Euchites, Magistri Comacini, Artífices Dionisianos, Nestorianos e Eutychianos; no século X: Paulicianos e Bogomilos; no século XI: Cátharos, Patarini, Cavaleiros de Rodes, Cavaleiros de Malta, Místicos Escolásticos; no século XII: Albigenses, Cavaleiros Templários, Hermetistas; no século XIII: a Fraternidade dos Winklers, os Beghards e Beguinen, os Irmãos do Livre Espírito, os Lollards e os Trovadores; no século XIV: os Hesychastas, os Amigos de Deus, os Rosa-cruzes e os Fraticelli; no século XV: os Fraters Lucis, a Academia Platônica, a Sociedade Alquímica, a Sociedade da Trolha e os Irmãos da Boêmia (Unitas Fratrum); no século XVI: a Ordem de Cristo (derivada dos Templários), os Filósofos do Fogo, a Militia Crucífera Evangélica e os Ministérios dos Mestres Herméticos; no século XVII: os Irmãos Asiáticos (Irmãos Iniciados de São João Evangelista da Ásia), a Academia di Secreti e os Quietistas; no século XVIII: os Martinistas; no século XIX: a Sociedade Teosófica.Os “paulicianos”formavam um grupo gnóstico ativo no Império Romano desde o século VII. Se declaravam contra todas hierarquias que exerciam seu poder para combater a iluminação interior. Até o século XI, os paulicianos foram mortos pela igreja romana, assim como os maniqueus antes deles. Mas o gnosticismo sobreviveu,com os bogomilos...A herança Gnóstica dos séculos XII e XIII, foram transmitidas aos Cátaros, que também foram perseguidos e mortos pela igreja romana. Na Idade Média, o gnosticismo manifestou-se na Ordem dos Templários, depois no século XVII, foi revivificada pelos Rosacruzes pelas mãos de Johann Valentin Andrea, mantiveram ligações com a Franco-Maçonaria, com o Martinismo. Todos testemunhando o Cristianismo Interior, descrevendo o caminho de retorno a Deus, que foi aberto pelo seu filho, Mestre Jesus, o Cristo.


Manuscritos de Nag Hammadi
Biblioteca de Nag Hammadi é o nome dado a um conjunto de textos encontrados na cidade de Nag Hammadi, no Egito, em Dezembro de 1945. Estes manuscritos totalizavam treze códices de papiro, escritos em copta, com capa de pergaminho em um recipiente fechado. A descoberta foi feita por camponeses da região. Entre as obras aí guardadas encontravam-se tratados gnósticos, três obras pertencentes ao Corpus Hermeticum e uma tradução parcial da República de Platão. Estes textos também são conhecidos como Evangelhos gnósticos.

Os papiros encontrados em Nag-Hammadi são traduções de manuscritos antigos escritos em grego, a língua do Novo Testamento, fato constatado pois algums manucristos ali encontrados também o foram em outros locais, como o Evangelho de Tomé. As datas dos textos originais seria entre o fim do Século I até o ano de 180 d.C., pois em 180, Irineu o bispo ortodoxo de Lyon, declarou que os hereges "dizem possuir mais evangelhos do que os que realmente existem". Em 367 d.C, por ordem do Bispo Atanásio de Alexandria, foram destruídos inúmeros documentos com tendências heréticas. O bispo seguia uma resolução do Concílio de Bispos de Nicéia, reunida em 325 d.C. Acredita-se que os manuscritos foram enterrados nessa época, por monges do Mosteiro de São Pacômio, que teriam tomados os livros proibidos e os escondido em potes de barros na base de um penhasco chamado Djebel El-Tarif. Ali ficaram esquecidos e protegidos por mais de 1500 anos.

Textos principais da biblioteca:
§ Codex I (Codex Jung)
§ Prece do apóstolo Paulo
§ Apócrifo de Tiago
§ O Evangelho da Verdade
§ Tratado sobre a ressurreição
§ Tratado tripartite
§ Codex II
§ Apócrifo de João (versão longa)
§ Evangelho de Tomé
§ Evangelho de Filipe
§ Hipostasia dos arcontes
§ Sobre a origem do mundo
§ Exegese da alma
§ O livro de Tomé, o combatedor
§ Codex III
§ Apócrifo de João (versão curta)
§ Evangelho dos egípcios
§ Eugnossos, o abençoado
§ A sofia de Jesus Cristo
§ Diálogo do salvador
§ Codex V
§ Apocalipse de Paulo
§ Apocalipse de Tiago (I e II)
§ Apocalipse de Adão
§ Codex VI
§ Atos de Pedro e os 12 apóstolos
§ O trovão, mente perfeita
§ Ensimanteo autorizado
§ O conceito de nosso grande poder
§ Platão, República
§ Discurso sobre o oitavo e o nono
§ Prece de ação de graças
§ Asclépio
§ Codex VII
§ Paráfrase de Shem
§ Segundo tratado do grande Seth
§ Apocalipse de Pedro
§ Ensinamentos de Silvano
§ As três estelas de Seth
§ Codex VIII
§ Zostrianos
§ Carta de Pedro a Felipe
§ Codex IX
§ Melquisedeque
§ O pensamento de Norea
§ Testemunho da verdade
§ Codex X
§ Marsanes
§ Codex XI
§ Interpretação do conhecimento
§ Exposição valentiniana
§ Alógenes
§ Hypsiphrone
§ Codex XII
§ Sentenças de Sexto
§ Fragmentos
§ Codex XIII
§ Protenóia trimórfica
§ Sobre a origem do mundo


Quatro aspectos principais da doutrina gnóstica:

O aspecto mais surpreendente do gnosticismo, que o destaca do ramo principal do pensamento judeu e cristão primitivo, é um dualismo profundo e obscuro. O mundo atual de espaço, tempo e matéria é um lugar inexoravelmente ruim, não só um lugar onde a perversidade floresce descontrolada, mas um lugar que, não fosse criado e liderado por um deus mau, nem mesmo existiria.

Em outras palavras, o mundo tal como o conhecemos é completamente mau. Mais ainda, os seres humanos, constituídos como são de matéria física e vivendo nesse espaço e tempo perversos, são essencialmente maus - a menos que, como veremos, dentro dessa concha de maldade esteja oculto algo muito diferente.

Isso já aponta para o próximo aspecto importante. O mundo tal como o conhecemos foi criado por um deus mau, estúpido e talvez caprichoso. Há outro ser divino, uma divindade pura, sábia e verdadeira, que é bem diferente desse deus criador. Às vezes, esse deus mais elevado é chamado de “Pai”, o que é confuso para os cristãos que associam esse título ao deus que criou o mundo. Para o gnosticismo, o deus que criou o mundo, juntamente com vários outros que ajudaram em alguma etapa do projeto é, na melhor das hipóteses, mal orientado ou tolo, e, na pior, inequivocadamente malévolo.

Portanto, o objetivo principal de qualquer ser humano racional será fugir do mundo perverso e da existência humana aparente “salvação” significa exatamente isto: alcançar a libertação do cosmos material e de tudo o que ele significa. Só assim se pode construir o caminho para a existência pura e espiritualmente elevada, livre das travas do espaço, do tempo e da matéria. Só assim se será capaz de viver uma felicidade que não está disponível aos que se prendem ao mundo físico presente e que equivocadamente louvam seu criador.

O último aspecto não é tão óbvio, mas tem uma função central no pensamento gnóstico. De fato, é por causa desse aspecto que a palavra “gnóstico” e seus derivados são designações apropriadas. O caminho para essa “salvação” passa justamente pelo conhecimento, “gnósis”. Não por qualquer velho conhecimento. Certamente não pelo conhecimento que se aprenderia na escola, ou, no caso, numa igreja comum. Em vez disso, essa gnósis especial surge ao se alcançar o conhecimento do verdadeiro deus, da verdadeira origem do mundo perverso e, não menos importante, de sua verdadeira identidade. E esse “conhecimento” só surge se alguém o “revela”. Em outras palavras, é preciso um “revelador” que virá dos domínios do além, do mundo espiritual puro e elevado, para revelar aos poucos escolhidos que eles tem dentro de si a faísca de luz, a identidade divina profundamente escondida dentro de sua forma material aparentemente miserável e grosseira. Em alguns textos, podemos encontrar que Jesus era o “revelador”.


O gnosticismo não acredita na ressureição corporal e acredita que ao adorar o deus criador, do Antigo Testamento, estaríamos blasfemando contra o verdadeiro Deus. Tudo o que é certo no AT é na verdade errado, e vice-versa. Isso porque o AT foi inspirado pelo deus criador, que é perverso.

Há alguns escritos que afirmam que Paulo e João derivaram sua teologia madura, sua interpretação de Jesus, das idéias e movimentos gnósticos, o que é facilmente derrubado, já que ambos afirmavam muitas coisas do AT.

Para os gnósticos a ignorância, e não o pecado, acarreta o sofrimento humano e o reino de Deus é um estado de autoconhecimento pleno. Como diz no evangelho de Tomé: “Jesus disse: ‘Deixe aquele que busca continuar buscando até que encontre. Quando encontrar, ficará perturbado. Quando se tornar aflito, será surpreendido e reinará acima de tudo.”

Quem alcança a gnósis não se torna um cristão, mas o próprio Cristo. Assim Jesus Cristo seria apenas mais um Cristo. Existiria João Cristo, Maria Cristo, Carolina Cristo, etc.

Porque não são cristãos

* negam a autoria da criação por Deus
* acreditam que o mal é uma entidade tão poderosa quanto o bem
* acreditam que Jesus é um revelador, não o Deus verdadeiro e parte da trindade.

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