Jesus Freak

terça-feira, 17 de março de 2009

Principais heresias dos primeiros séculos - até o ano 451

Aula ensinada pelo pr.Nivton no dia 15/03/2009
No início da era cristã, compreender a natureza divina e a origem de Cristo se tornou um grande desafio. Questões que hoje são vistas de maneira muito clara e óbvia para nós só assim o são devido à muito debate, reflexão e estudo nos primeiros anos do Cristianismo. Até que se chegasse a um ponto comum entre as diversas possibilidades e teorias acerca da natureza de Cristo e da Trindade como um todo, muitas heresias surgiram, confundindo os cristãos, por um lado, e aperfeiçoando sua compreensão ao longo do tempo, por outro.Veremos, de forma resumida, as principais heresias elaboradas nesse período inicial da igreja.

Docetismo
Vindo do gnosticismo, afirmava que Jesus não nascera de Maria, mas aparecera repentinamente já na sua forma adulta. Como sua base doutrinária gnóstica condenava o corpo humano como algo ruim, era coerente pregar que o Cristo não possuísse um corpo carnal. Segundo os docetas, Jesus tinha um corpo fantasmagórico, o que também tornava a crucificação algo irreal.

Ebionismo
Esta heresia legalista e judaizante pregava que Jesus nascera como um homem comum, tendo tornado-se o Messias por cumprir toda a Torá (ou toda a Lei). Para os ebionitas, Jesus não veio para abolir a Lei, mas para cumpri-la e reafirmar a obediência à ela como necessária para uma vida santa.

Adocianismo
Sua cristologia era que Jesus nascera um homem normal, porém foi alguém muito justo. Por isso, fora adotado pelo logos divino no batismo, tornando-se o Messias, o Filho de Deus, tendo sido nessa ocasião revestido pela natureza divina. Dessa forma, era pregado que o Filho não era co-eterno com o Pai.

Monarquismo ou Monarquianismo

O monarquianismo super-enfatizava a unidade absoluta de Deus. Era conflitante com a doutrina da Trindade, que pregava 3 pessoas distintas que são o mesmo Deus. Entende-se ou divide-se em duas categorias:

Monarquianismo dinâmico: compartilha da idéia principal do adocianismo, de que Deus teria adotado a Jesus, compartilhando com ele a sua natureza.

Monarquianismo modalista: Deus manifesta-se de modos diferentes em tempos diferentes. Os modalistas eram também chamados pela igreja ocidental de patripassionistas, por pregarem que Deus manifestou-se como Jesus e morreu na Cruz.

Arianismo
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Credo niceno-constantinopolitano

O Concílio de Nicéia (325) ocorreu para tratar as questões referentes às heresias trinitárias e cristológicas, principalmente, abundantes nos primeiros séculos de vida da Igreja. Sua maior ocupação, porém, fora a cristologia ariana. Foi presidido pelo então imperador romano Constantino. Seu credo foi elaborado e posteriormente revisado no Concílio de Constantinopla (381)

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Único de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Maria Virgem, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita de Deus-Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos; E a vida do mundo que há de vir.

Principais heresias pós-nicenas até o Concílio da Calcedônia
A partir deste ponto, as principais controvérsias se darão por conta do entendimento da natureza de Cristo. Seria ele 100% homem, 100% Deus, 50% homem e 50% Deus, uma natureza mais presente que a outra ou anulada pela outra? Essas perguntas ganharão teorias e destaque até o Concílio Calcedônico, que se ocupará destas questões.

Apolinarismo

Apolinário, bispo de Laodicéia, negava a existência de duas naturezas em Cristo. Para ele, Jesus não tinha um espírito humano, tendo seu espírito sido substituído pelo Logos. Jesus possuía, então, um corpo humano e uma mente divina. Apolinário levava ao pé-da-letra e num sentido estrito o ensindo de João de que “o verbo se fez carne”. Para ele, fazer-se carne o significava também despojar-se da alma.

Nestorianismo
Pregava que em Jesus existiam duas naturezas. Aliás, existiam duas pessoas. Distintas. Jesus era esquisofrênico de natureza. Para Nestório, bispo de Alexandria e seus seguidores, Jesus tinha sua natureza humana nascida de Maria e a natureza divina vinda de Deus pai. Maria seria apenas a mãe de Cristo (christotokos, em grego), não a mãe de Deus (theotokos).

Eutiquianismo
Depois que Jesus se encarnou, passou a ter apenas uma natureza, a humana, segundo o eutiquianismo. Vivendo humanamente, em determinado momento a natureza humana é sucumbida pela divina, gerando um Cristo com uma terceira natureza.

Credo da Calcedônia
O Concílio da Calcedônia (451) tratou principalmente das questões referentes à dupla natureza de Cristo e à encarnação, pontos divergentes entre as igrejas naquele momento.
Portanto, conforme os santos pais, todos nós, de comum acordo, ensinamos os homens a reconhecer um e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, totalmente completo na divindade e completo em humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, que consiste também de uma alma racional e um corpo; da mesma substância (homoousios) com o Pai no que concerne à sua divindade e ao mesmo tempo de uma substância conosco, concernente à sua humanidade; semelhante a nós em todos os aspectos, exceto no pecado; concernente à sua divindade, gerado do Pai antes das eras, ainda que também gerado como homem, por nós e por nossa salvação, da virgem Maria; um e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, reconhecido em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação; a distinação das naturezas de maneira alguma anula-se pela união; mas, pelo contrário, as características de cada natureza são preservadas e reunidas, para formar uma pessoa e substância [hypostasis], mas não partidas ou separadas em duas pessoas, mas um e o mesmo Filho e Deus Unigênito, o Verbo, Senhor Jesus Cristo; assim como os profetas dos tempos antigos falaram dele e o próprio Senhor Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos pais foi transmitido para nós.

terça-feira, 10 de março de 2009

Gnosticismo e Arianismo _ Pt 1

Aula ensinada por Dani Nogueira no dia 08/03/2009

Gnosticismo:

Origem:

Gnosticismo designa o movimento histórico e religioso cristão que floresceu durante os séculos II e III, cujas bases filosóficas eram as da antiga Gnose (palavra grega que ignifica conhecimento).O gnosticismo tornou-se forte influência na Igreja primitiva levando muitos cristãos da época como Marcião (160 d. C.) e Valentim de Alexandria a ensinar sobre a cosmovisão dualista, a qual a uma visão leiga aparenta ser a premissa básica do movimento.

Eles constituíram, nos primeiros anos dessa nossa era, uma comunidade fechada, iniciática, que guardou os aspectos esotéricos dos evangelhos, principalmente das parábolas do Mestre Jesus, o Cristo, apresentando um cristianismo muito mais profundo e filosófico do que daqueles cristãos que ficaram conhecidos como a ortodoxia.Dentre os grupos mais ativos nos dois primeiros séculos de nossa era destacam-se os naasenos, perates, sethianos, docéticos, carpocráticos, basilidianos e valentinianos.

Com o passar do tempo, os herdeiros da tradição gnóstica e maniqueísta foram mudando de nome, podemos indicar o aparecimento dos seguintes grupos: entre os séculos III e IX: Euchites, Magistri Comacini, Artífices Dionisianos, Nestorianos e Eutychianos; no século X: Paulicianos e Bogomilos; no século XI: Cátharos, Patarini, Cavaleiros de Rodes, Cavaleiros de Malta, Místicos Escolásticos; no século XII: Albigenses, Cavaleiros Templários, Hermetistas; no século XIII: a Fraternidade dos Winklers, os Beghards e Beguinen, os Irmãos do Livre Espírito, os Lollards e os Trovadores; no século XIV: os Hesychastas, os Amigos de Deus, os Rosa-cruzes e os Fraticelli; no século XV: os Fraters Lucis, a Academia Platônica, a Sociedade Alquímica, a Sociedade da Trolha e os Irmãos da Boêmia (Unitas Fratrum); no século XVI: a Ordem de Cristo (derivada dos Templários), os Filósofos do Fogo, a Militia Crucífera Evangélica e os Ministérios dos Mestres Herméticos; no século XVII: os Irmãos Asiáticos (Irmãos Iniciados de São João Evangelista da Ásia), a Academia di Secreti e os Quietistas; no século XVIII: os Martinistas; no século XIX: a Sociedade Teosófica.Os “paulicianos”formavam um grupo gnóstico ativo no Império Romano desde o século VII. Se declaravam contra todas hierarquias que exerciam seu poder para combater a iluminação interior. Até o século XI, os paulicianos foram mortos pela igreja romana, assim como os maniqueus antes deles. Mas o gnosticismo sobreviveu,com os bogomilos...A herança Gnóstica dos séculos XII e XIII, foram transmitidas aos Cátaros, que também foram perseguidos e mortos pela igreja romana. Na Idade Média, o gnosticismo manifestou-se na Ordem dos Templários, depois no século XVII, foi revivificada pelos Rosacruzes pelas mãos de Johann Valentin Andrea, mantiveram ligações com a Franco-Maçonaria, com o Martinismo. Todos testemunhando o Cristianismo Interior, descrevendo o caminho de retorno a Deus, que foi aberto pelo seu filho, Mestre Jesus, o Cristo.


Manuscritos de Nag Hammadi
Biblioteca de Nag Hammadi é o nome dado a um conjunto de textos encontrados na cidade de Nag Hammadi, no Egito, em Dezembro de 1945. Estes manuscritos totalizavam treze códices de papiro, escritos em copta, com capa de pergaminho em um recipiente fechado. A descoberta foi feita por camponeses da região. Entre as obras aí guardadas encontravam-se tratados gnósticos, três obras pertencentes ao Corpus Hermeticum e uma tradução parcial da República de Platão. Estes textos também são conhecidos como Evangelhos gnósticos.

Os papiros encontrados em Nag-Hammadi são traduções de manuscritos antigos escritos em grego, a língua do Novo Testamento, fato constatado pois algums manucristos ali encontrados também o foram em outros locais, como o Evangelho de Tomé. As datas dos textos originais seria entre o fim do Século I até o ano de 180 d.C., pois em 180, Irineu o bispo ortodoxo de Lyon, declarou que os hereges "dizem possuir mais evangelhos do que os que realmente existem". Em 367 d.C, por ordem do Bispo Atanásio de Alexandria, foram destruídos inúmeros documentos com tendências heréticas. O bispo seguia uma resolução do Concílio de Bispos de Nicéia, reunida em 325 d.C. Acredita-se que os manuscritos foram enterrados nessa época, por monges do Mosteiro de São Pacômio, que teriam tomados os livros proibidos e os escondido em potes de barros na base de um penhasco chamado Djebel El-Tarif. Ali ficaram esquecidos e protegidos por mais de 1500 anos.

Textos principais da biblioteca:
§ Codex I (Codex Jung)
§ Prece do apóstolo Paulo
§ Apócrifo de Tiago
§ O Evangelho da Verdade
§ Tratado sobre a ressurreição
§ Tratado tripartite
§ Codex II
§ Apócrifo de João (versão longa)
§ Evangelho de Tomé
§ Evangelho de Filipe
§ Hipostasia dos arcontes
§ Sobre a origem do mundo
§ Exegese da alma
§ O livro de Tomé, o combatedor
§ Codex III
§ Apócrifo de João (versão curta)
§ Evangelho dos egípcios
§ Eugnossos, o abençoado
§ A sofia de Jesus Cristo
§ Diálogo do salvador
§ Codex V
§ Apocalipse de Paulo
§ Apocalipse de Tiago (I e II)
§ Apocalipse de Adão
§ Codex VI
§ Atos de Pedro e os 12 apóstolos
§ O trovão, mente perfeita
§ Ensimanteo autorizado
§ O conceito de nosso grande poder
§ Platão, República
§ Discurso sobre o oitavo e o nono
§ Prece de ação de graças
§ Asclépio
§ Codex VII
§ Paráfrase de Shem
§ Segundo tratado do grande Seth
§ Apocalipse de Pedro
§ Ensinamentos de Silvano
§ As três estelas de Seth
§ Codex VIII
§ Zostrianos
§ Carta de Pedro a Felipe
§ Codex IX
§ Melquisedeque
§ O pensamento de Norea
§ Testemunho da verdade
§ Codex X
§ Marsanes
§ Codex XI
§ Interpretação do conhecimento
§ Exposição valentiniana
§ Alógenes
§ Hypsiphrone
§ Codex XII
§ Sentenças de Sexto
§ Fragmentos
§ Codex XIII
§ Protenóia trimórfica
§ Sobre a origem do mundo


Quatro aspectos principais da doutrina gnóstica:

O aspecto mais surpreendente do gnosticismo, que o destaca do ramo principal do pensamento judeu e cristão primitivo, é um dualismo profundo e obscuro. O mundo atual de espaço, tempo e matéria é um lugar inexoravelmente ruim, não só um lugar onde a perversidade floresce descontrolada, mas um lugar que, não fosse criado e liderado por um deus mau, nem mesmo existiria.

Em outras palavras, o mundo tal como o conhecemos é completamente mau. Mais ainda, os seres humanos, constituídos como são de matéria física e vivendo nesse espaço e tempo perversos, são essencialmente maus - a menos que, como veremos, dentro dessa concha de maldade esteja oculto algo muito diferente.

Isso já aponta para o próximo aspecto importante. O mundo tal como o conhecemos foi criado por um deus mau, estúpido e talvez caprichoso. Há outro ser divino, uma divindade pura, sábia e verdadeira, que é bem diferente desse deus criador. Às vezes, esse deus mais elevado é chamado de “Pai”, o que é confuso para os cristãos que associam esse título ao deus que criou o mundo. Para o gnosticismo, o deus que criou o mundo, juntamente com vários outros que ajudaram em alguma etapa do projeto é, na melhor das hipóteses, mal orientado ou tolo, e, na pior, inequivocadamente malévolo.

Portanto, o objetivo principal de qualquer ser humano racional será fugir do mundo perverso e da existência humana aparente “salvação” significa exatamente isto: alcançar a libertação do cosmos material e de tudo o que ele significa. Só assim se pode construir o caminho para a existência pura e espiritualmente elevada, livre das travas do espaço, do tempo e da matéria. Só assim se será capaz de viver uma felicidade que não está disponível aos que se prendem ao mundo físico presente e que equivocadamente louvam seu criador.

O último aspecto não é tão óbvio, mas tem uma função central no pensamento gnóstico. De fato, é por causa desse aspecto que a palavra “gnóstico” e seus derivados são designações apropriadas. O caminho para essa “salvação” passa justamente pelo conhecimento, “gnósis”. Não por qualquer velho conhecimento. Certamente não pelo conhecimento que se aprenderia na escola, ou, no caso, numa igreja comum. Em vez disso, essa gnósis especial surge ao se alcançar o conhecimento do verdadeiro deus, da verdadeira origem do mundo perverso e, não menos importante, de sua verdadeira identidade. E esse “conhecimento” só surge se alguém o “revela”. Em outras palavras, é preciso um “revelador” que virá dos domínios do além, do mundo espiritual puro e elevado, para revelar aos poucos escolhidos que eles tem dentro de si a faísca de luz, a identidade divina profundamente escondida dentro de sua forma material aparentemente miserável e grosseira. Em alguns textos, podemos encontrar que Jesus era o “revelador”.


O gnosticismo não acredita na ressureição corporal e acredita que ao adorar o deus criador, do Antigo Testamento, estaríamos blasfemando contra o verdadeiro Deus. Tudo o que é certo no AT é na verdade errado, e vice-versa. Isso porque o AT foi inspirado pelo deus criador, que é perverso.

Há alguns escritos que afirmam que Paulo e João derivaram sua teologia madura, sua interpretação de Jesus, das idéias e movimentos gnósticos, o que é facilmente derrubado, já que ambos afirmavam muitas coisas do AT.

Para os gnósticos a ignorância, e não o pecado, acarreta o sofrimento humano e o reino de Deus é um estado de autoconhecimento pleno. Como diz no evangelho de Tomé: “Jesus disse: ‘Deixe aquele que busca continuar buscando até que encontre. Quando encontrar, ficará perturbado. Quando se tornar aflito, será surpreendido e reinará acima de tudo.”

Quem alcança a gnósis não se torna um cristão, mas o próprio Cristo. Assim Jesus Cristo seria apenas mais um Cristo. Existiria João Cristo, Maria Cristo, Carolina Cristo, etc.

Porque não são cristãos

* negam a autoria da criação por Deus
* acreditam que o mal é uma entidade tão poderosa quanto o bem
* acreditam que Jesus é um revelador, não o Deus verdadeiro e parte da trindade.

Gnosticismo e Arianismo _ Pt 2

Aula ensinada por Dani Nogueira no dia 08/03/2009

Arianismo:

Criado por Ário - Teólogo líbio e presbítero cristão de importante igreja da Alexandria, criador da doutrina cristã do arianismo, doutrina que sustentava que o filho de Deus foi criado do não-ser como todo o resto.Foi aluno de Luciano de Antioquia, um professor e mártir da sua fé cristã de cujos ensinamentos derivou suas convicções. Homem de um caráter ascético, de moral pura, e de convicções, suas pregações o fez entrar em conflito com o Bispo Alexandre de Alexandria, a quem acusou de Sabelianismo (318).
Esta disputa desencadeou a grande discussão trinitária que levaria o Imperador Constantino I a convocar o Primeiro Concílio de Nicéia (325) para restabelecer a união entre os cristãos. O concílio foi secretariado por santo Atanásio, ardoroso defensor da Santíssima Trindade, que afirma que o Filho é idêntico ao Pai em substância.Seguia, pois, os ensinamentos de Orígenes, pelos quais Jesus Cristo era um ser criado e, portanto, não eterno e de natureza diferente da do Pai.
O arianismo foi condenado pelo Concílio de Nicéia, mas a disputa teológica sobre a divindade de Cristo não terminou e continuou sendo objeto, no Oriente e no Ocidente, de diferentes orientações doutrinárias. Com o apoio do imperador Constantino, interessado numa solução política para a unificação da igreja oriental e ocidental, à decisão de Nicéia foi aplicada e o arianismo foi banido como heresia, e seus adeptos, desacreditados. Seu criador encontrou o apoio de Eusébio de Cesareia e seus numerosos seguidores fizeram a disputa espalhar-se desde Alexandria por todo o Oriente. Com seu banimento anulado pela influência do Bispo Eusébio de Nicomédia (328), e o criador do arianismo reabilitado. Ele declarou aceitar a doutrina de Nicéia, anteriormente recusada, mas antes de receber a comunhão em Constantinopla, morreu subitamente nesta cidade, talvez envenenado. Sua doutrina teve seguidores até ao século VII, mas a problemática da trindade ainda hoje é discutida.

O Arianismo se substanciou em uma das maiores heresias que a Igreja precisou confrontar ao longo dos séculos.Arius, presbítero de Alexandria, sustentava uma visão Cristológica de que Cristo não era Deus e sim uma criatura feita por Deus, mesmo que a mais sublime, mas ainda assim uma criatura destinada a ser instrumentos para a criação de outros seres. Negava, portanto, a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus, que os igualasse, ransformando Cristo pré-existente uma criatura como todos nós.Junto com essa teoria, Árius também afirmava que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em si mesmo, e que, dessa forma, nenhuma criatura conseguira ou seria capaz de revelá-lo, haja vista que Ele não pode revelar a si mesmo.
Dentro dessa linha de raciocínio, o historiador H. M. Gwatkin afirmou em seu livro The Arian Controversy (A Disputa Ariana): "O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo ser se acha oculto em eterno mistério”.Nos parece estranho pensar que Jesus Cristo não participava da essência divina, contudo, era exatamente isso que Árius pregava em sua seita herética. O verbo era apenas uma criatura, a mais sublime delas, mas uma criatura.Ao mascarar sua heresia usando uma terminologia ortodoxa ou semi-ortodoxa, ele foi capaz de semear uma enorme confusão na Igreja e, assim, conquistou o apoio de inúmeros Bispos e a rejeição de outros tantos.No ano de 318, vendo a confusão que Arius, ou Ario, estava causando, o Bispo local chamado Alexandre, de Alexandria convocou e reuniu um Sínodo local, que contou com cerca de cem Bispos, que, conjuntamente, condenaram a doutrina de Ário e dos seus seguidores. A decisão advinda desse Sínodo foi comunicada a outros tantos Bispos, inclusive ao Papa São Silvestre.A heresia não foi contida pelo Sínodo pois Ário continuou com suas pregações e as conversões às suas idéias heréticas foram se tornando numerosas.

A heresia ariana foi oficialmente condenada no ano 325 pelo Primeiro Concílio de Nicéia, convocado por Constantino e que contou com cerca de 300 Bispos e dois presbíteros representantes do Papa Silvestre. Esse Concílio, por sua vez, definiu a divindade de Cristo e no ano 381 pelo Primeiro Concílio de Constantinopla, o qual definiu a divindade do Espírito Santo.
Desses dois Concílios surgiram o Credo Niceno que são recitado nas Missas Dominicais.As discussões no Concílio de Nicéia foram longas e agitadas. Ao final, os padres conciliares redigiram o Símbolo de Fé de Nicéia, que afirmava ser o Filho Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não feito, consubstancial (homoousios) ao Pai; por Ele foram feitas todas as coisas.Surgiu um sério conflito ideológico entre Arianismo e o Trinitarismo, que se tornou dominante desde então. Essa foi a primeira grande dificuldade doutrinal na Igreja Católica, após a legalização do Cristianismo pelo imperador Constantino I e a sua elevação a religião oficial do Império Romano. Percebendo que as disputas entre os cristãos poderiam causar uma ruptura política interna no Império, Constantino adentrou ao interesse estritamente religioso e, politicamente, determinou que o arianismo estava errado, que este era uma heresia, julgando assim contribuir para manter a coesão política do império, embora mais tarde viesse a aderir a ele, tendo sido batizado por um bispo ariano antes de morrer.
Lembre-se que, a determinação de Constantino foi política e, portanto, tratou-se de uma visão do Estado que tinha interesses únicos e exclusivos de manter a unidade e a ordem social. Sabemos, obviamente, que uma heresia só pode ser considerada como tal, no âmbito religioso, quando a autoridade eclesiástica competente assim a declara.Constantino convocou o Concílio de Nicéia, contudo a convocação dependia da autorização e aceitação da autoridade eclesiástica que, vendo a situação em que a heresia estava imersa, resolveu dar seu aval para a convocação de Constantino.
Não reverberam, portanto, tantas acusações que surgem, nos dias atuais das interferências que, possivelmente, Constantino teria praticado junto à Igreja.Ao longo da história, muitos reis e rainhas opinaram junto à Igreja sobre questões temporais e espirituais que achavam pertinentes e assim continuam hoje os presidentes, primeiros-ministros e outros chefes de Estado. Não significa, entretanto que o Papa está sujeito a aceitação de todas esses opiniões.Consideramos importante essa observação feita acima uma vez que pessoas de má-fé, durante toda a história desde o surgimento da Igreja, imputam que a autoridade eclesiástica estava sujeita à autoridade estatal, passando a nítida impressão de que a Igreja estava se sucumbindo a interesses meramente temporais e deixando o lado espiritual de lado.A negativa é contundente.
Sempre que o Estado interfere em questões religiosas, o faz unilateralmente por motivo de ordem pública e interesses políticos. Nos dias atuais temos dificuldade em firmar essa visão uma vez que não temos mais uma religião oficial do Estado. Sendo assim, o Estado não deveria ter interesse em assuntos religiosos. Naquela época era o contrário. A unificação religiosa era vista como a unificação dos povos, algo muito mais importante naquele momento histórico do que agora. Assim, era de profundo interesse do Estado que a religião se mantivesse coesa e, por isso, várias interferências estatais foram feitas sem, contudo, significar que contavam com o apoio ou mesmo a curvatura da Igreja.Em um determinado momento do conflito doutrinário, o Arianismo ganhou força e influência junto à família do imperador e nobreza imperial, e porque Ulfila, (missionário enviado pelo Imperador Romano do Oriente) foi o apóstolo junto aos Godos, convertendo-os ao cristianismo sob a forma herética ariana. Os Ostrogodos e Visigodos vieram à Europa ocidental já cristianizados e plenamente convertidos, contudo incultados na heresia ariana.Entretanto, visões semelhantes e em alguns casos revivificação do nome, ocorreram desde a oficialização da heresia e do heresiarca entre elas o Nestorianismo. Os "Testemunhas de Jeová", por exemplo têm esta crença, assim como os Unitarianos.

A igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecidos como Mórmons, também prega a separação entre Deus que é pai, Jesus Cristo que é filho literal na carne e Espírito Santo que é o que testifica aos homens as coisas de Deus. De acordo com a regra de fé (1º Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo, e no Espírito Santo.) Joseph Smith Jr o primeiro profeta dessa igreja teve uma visão na qual viu Deus e Jesus Cristo lado a lado.

Reforma e Iluminismo
O nome Arianos foi usado na Polónia para referir a seita Cristã Unitária, a irmandade polaca (Frater Polonorum). Eles inventaram teorias sociais radicais e foram precursores doIluminismo.
Paralelos modernos
"Arianismo" tem sido um nome aplicado a outros grupos não-trinitários, desde então como as Testemunhas de Jeová.
Por exemplo, muitas vezes tem-se dito que as Testemunhas de Jeová, estariam seguindo uma forma de arianismo, visto que também não crêem na Trindade, e consideram Jesus como O Filho de Deus. Mas elas discordam deste ponto de vista, afirmando que suas crenças não se originam dos ensinamentos de Ário, e que, não adoram o “Deus desconhecido” de Ário. [3]

A doutrina espírita cristã, também conhecida como kardecista[2] [3], também enxerga em Jesus o Mestre Amado e o ser humano mais iluminado que serve de guia e modelo à humanidade, mas não o confunde com Deus. Na pergunta 17 do Livro dos Espíritos se afirma que "Deus não permite que tudo seja revelado ao homem neste mundo." Na pergunta 1: "O que é Deus", se responde: Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas".
Os três (Deus Pai, Jesus Cristo e Espírito Santo) separados

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias , também prega a separação de Deus que é pai, Jesus Cristo que é filho literal na carne e Espírito Santo que é o que testifica aos homens as coisas de Deus. Em consonância com a regra de fé (Primeira Regra de Fé) Joseph Smith Jr. o primeiro profeta da igreja teve uma visão em que viu Deus e Jesus Cristo lado a lado conhecido como a primeira visão. Existem outros que viram Deus e Jesus Cristo como seres separados, um exemplo bíblico é Estevão, no qual é dito (na tradução de João Ferreira de Almeida):

"Mas ele, estando cheio de Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus." Atos 7:55-56

OBS: Em resumo o arianismo defendia a seguinte doutrina da Cristologia: - Que o Logos e o Pai não eram da mesma essência; - Que o Filho era uma criação do Pai; - Que houve um tempo em que o Filho ainda não existia.

Referências bibliográficas:

· http://pt.wikipedia.org/wiki/Arianismo
· http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Ario0000.html
· http://blogdoemanueljr.blogspot.com/2008/05/heresia-arianismo-sc-iv.html
· http://pt.wikipedia.org/wiki/Gnosticismo
· http://pt.wikipedia.org/wiki/Nag_Hammadi_(manuscritos)

· Judas e o evangelho de Jesus – Tom Wright – edições Loyola
· Aspectos incomuns do sagrado – Francisco García Bazán – editora Paulus
· Os evangelhos gnósticos – Elaine Pagels – editora Objetiva